Neste artigo, abordamos a transição para uma economia circular na Europa, destacando avanços, desafios e medidas propostas para acelerar esse processo.
A transição para uma economia circular tornou-se uma prioridade global em oposição a um modelo de consumo linear insustentável.
Por sua vez, Europa, mostra um firme compromisso com essa transformação por meio de políticas e medidas que adaptam nossa economia aos princípios de circularidade e sustentabilidade.
Embora eles tenham fez progressos significativos nos últimos anos, ainda há um longo caminho a percorrer. Neste artigo, exploraremos os progressos realizados, os desafios que persistem e as ações futuras necessárias para acelerar a transição para uma economia circular na Europa.
De acordo com o Circularity Gap Report, publicado no início de 2024, 100 bilhões de toneladas de materiais são consumidas todos os anos.
Conclui-se dele que apenas 7,2% do mundo opera em um modelo circular, com uma queda em relação aos 9,1% registrados em 2018. Esse indicador reflete como a economia global ainda enfrenta desafios significativos na transição para uma produção mais sustentável.
Na mesma linha, este estudo também alerta que 5 dos 9 principais limites planetários foram ultrapassados, o que pode ser interpretado como consequência de uma superexploração de recursos.
Nesse contexto, o circularidade, que envolve a reintegração de resíduos na cadeia produtiva, é apresentada como uma solução essencial para reduzir a dependência da extração de recursos e minimizar os impactos ambientais.
A Europa fez progressos estratégicos na legislação relacionada à economia circular nos últimos cinco anos. Um exemplo dessas políticas é a Plano de Ação para a Economia Circular (CEAP) aprovado pela Comissão Europeia em março de 2020.
Este plano é um dos pilares fundamentais do Pacto Ecológico Europeu, ou European Green Deal, A nova agenda da Europa para o crescimento sustentável. Além disso, é um pré-requisito para alcançar a meta de neutralidade climática da UE para 2050 e impedir a perda de biodiversidade.
No entanto, para atingir esses objetivos, é imperativo abordar os obstáculos inerentes à a dependência da UE das importações globais de matérias-primas essenciais e combustíveis fósseis, uma situação que está se intensificando em um contexto geopolítico cada vez mais complexo. A este respeito, foi aprovado em 18 de março de 2024, o Regulamento Matérias-Primas Críticas, mais conhecida como Critical Raw Materials Act (CRMA). Um marco legislativo que promove a busca por autonomia estratégica na União Europeia. Este regulamento incorpora um objetivo relacionado à circularidade, que visa atender ao 15% do consumo anual de matérias-primas estratégicas da UE através da capacidade nacional de reciclagem.
A ideia por trás dessas medidas é que a economia circular ajuda a dissociar o crescimento econômico do uso de recursos, protegendo assim os recursos naturais da Europa e, ao mesmo tempo, promovendo o crescimento sustentável.
Estas políticas devem agora ser mais vinculativas e direccionadas, a fim de acelerar a transição.
Além disso, embora a Europa consuma uma proporção maior de materiais reciclados em comparação com outras regiões do mundo, o progresso em direção a uma maior circularidade tem sido lento e ainda estamos longe de alcançar a ambição de duplicar a taxa de circularidade da União até 2030.
O relatório da Agência Europeia do Ambiente (EEA), publicado em março de 2024, sobre o estado da economia circular, salienta a necessidade de ir além da atual ênfase na gestão dos resíduos para abordar diretamente a utilização dos recursos. Embora tenha havido uma ligeira dissociação entre o consumo de recursos da UE e o crescimento econômico nos últimos anos, com um ligeiro declínio no consumo total de materiais à medida que o produto interno bruto (PIB) da UE aumentou, permanecem desafios significativos.
O relatório destaca o urgência em implementar políticas de economia circular mais fortes. A necessidade de reduzir o consumo de recursos e avançar em direção a uma economia menos dependente de materiais é destacada. Para obter maior eficiência no uso dos produtos existentes, é essencial aumentar a intensidade de uso por item e sua durabilidade, tanto técnica quanto real.
Também é enfatizado que o sucesso em grande escala de uma economia circular exige uma reutilização significativa de matérias-primas secundárias de alta qualidade. No entanto, é reconhecido que o desafio vai além das fronteiras europeias; uma estrutura de governança forte é necessária em nível global para lidar com o uso insustentável de recursos e promover a economia circular de forma eficaz.
Para acelerar a transição para uma economia circular na Europa, são necessárias medidas decisivas e focadas. O relatório da EEA identifica várias ações-chave que podem promover uma maior circularidade e reduzir a dependência de recursos externos:
É essencial estabelecer objetivos e metas vinculativos para o uso de recursos e a taxa de circularidade. Isso forneceria uma direção clara para as políticas e incentivaria o investimento em práticas e tecnologias circulares. Além disso, pode-se considerar a promoção da economia de reciclagem de alta qualidade, onde os materiais mantêm sua função e valor originais pelo maior tempo possível.
Incentivar o design ecológico e a durabilidade dos produtos é essencial para maximizar sua vida útil e minimizar a geração de resíduos. Políticas que incentivam a fabricação de produtos mais duráveis e reparáveis podem contribuir significativamente para reduzir o desperdício e promover uma economia mais circular.
É crucial revisar os preços dos materiais para refletir adequadamente seus impactos ambientais. Isso pode envolver a aplicação de impostos ou taxas ambientais que incentivem o uso de materiais reciclados e penalizem o uso de recursos não renováveis.
O investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias circulares é essencial para promover a inovação e encontrar soluções sustentáveis para os desafios atuais. Apoiar a colaboração entre os setores público e privado em áreas como reciclagem avançada, remanufatura e gerenciamento de resíduos pode gerar avanços significativos na economia circular.
A educação e a conscientização pública são fundamentais para mudar comportamentos e promover um estilo de vida mais sustentável. Campanhas de conscientização sobre a importância de reduzir, reutilizar e reciclar podem inspirar os cidadãos a adotar práticas mais responsáveis e contribuir para o sucesso da economia circular.